Públicado em: 8 de julho de 2022
Última Atualização em: 8 de julho de 2022
O transtorno ciclotímico, apesar de não ser tão mencionado quanto deveria, pode ter uma prevalência de 0,4% a 1%. Provoca oscilações de humor que podem desencadear prejuízos para a vida social e profissional do sujeito. Por isso, o acompanhamento profissional é tão importante. Saiba mais sobre esse quadro!
O que significa transtorno ciclotímico?
O transtorno ciclotímico ainda é muito confundido com o transtorno bipolar, devido à similaridade que existe em ambos os quadros. Porém, diferente da bipolaridade, a ciclotimia tem como característica as alterações repentinas de humor, que são mais “leves” do que acontece em uma pessoa com transtorno bipolar.
Além disso, o quadro conta com períodos de sintomas hipomaníacos e de minidepressão irregulares, que podem durar poucos dias e são considerados “menos graves” do que o que ocorre na bipolaridade.
Qual a diferença entre bipolar e ciclotimia?
A diferença está na regularidade e na intensidade dos sintomas. Enquanto que na bipolaridade as alterações de humor são mais intensas e com episódios relativamente regulares, na ciclotimia ou indivíduo pode mudar o seu humor de um instante ao outro, mesmo que essa alteração não seja tão expressiva quanto em casos de bipolaridade.
Porém, é importante deixarmos um alerta neste tópico: quando dizemos que os sintomas são mais leves do que os presentes na bipolaridade, não estamos diminuindo o sofrimento do sujeito. Afinal, o transtorno ciclotímico pode causar prejuízos para a saúde mental do indivíduo e merece uma atenção especial para que a pessoa possa ter mais qualidade de vida.
A palavra “leve”, usada para descrever, é apenas um indicativo para apresentar a diferença entre um quadro ou outro, assim como usamos “irregularidade” dos sintomas de depressão e hipomania. Ainda assim o transtorno ciclotímico exige acompanhamento médico e uma atenção especial.
Como diagnosticar ciclotimia?
Segundo o próprio DSM-V, os critérios diagnósticos, levados em conta pelo psiquiatra durante a avaliação do paciente, podem ser os seguintes:
- O indivíduo precisa apresentar vários períodos com sintomas hipomaníacos, sem ser caracterizado como um episódio hipomaníaco, por pelo menos dois anos, e vários períodos com sintomas depressivos que não caracterizam episódio depressivo maior. No caso de crianças e adolescentes, esses episódios devem acontecer, pelo menos, durante um ano.
- Os períodos hipomaníaco e depressivo precisam estar presentes pela metade do tempo (dos dois anos em adultos e um ano em adolescentes e crianças) e o indivíduo não pode ter permanecido sem os sintomas por mais do que dois meses consecutivos.
- O indivíduo não pode ter se encaixado nos critérios diagnósticos para episódio depressivo maior, maníaco ou hipomaníaco.
- Os sintomas não podem ser atribuídos a substâncias, como por exemplo, drogas e medicamentos; tampouco a condições médicas, como hipertireoidismo.
- Os sintomas causam sofrimento e/ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento profissional, social e/ou em outras áreas importantes da vida do sujeito.
Como é ter ciclotimia?
Cada pessoa pode descrever a sua experiência de uma forma diferente. Porém, podemos ilustrar a situação da seguinte maneira:
- Imagine você acordando, pela manhã, empolgado com o dia que tem pela frente. A sua lista de tarefas está a todo vapor. Porém, ao começar a trabalhar, você começa a sentir um desânimo intenso, a ponto de sentir um forte desejo por chorar. Você chora, não entende a sua tristeza e vive uma “dor” provocada pela falta de ânimo. Mais tarde, no fim do dia, a sensação negativa pode desaparecer, e você pode até se sentir extremamente animado e empolgado com algo.
Esse ciclo se repete muito em casos de pessoas com transtorno ciclotímico. Porém, como mencionamos, esse relato é apenas um exemplo, pois cada indivíduo vive o seu quadro de uma forma única e subjetiva.
Quais os sintomas do transtorno ciclotímico?
- Oscilações de humor, envolvendo vários períodos de sintomas hipomaníacos e períodos de sintomas depressivos distintos entre si.
- Momentos de extrema alegria e agitação, que iniciam sem causas aparentes.
- Momentos de extrema tristeza e desânimo, que também iniciam sem causas aparentes.
- Distúrbios do sono.
- Alterações constantes no apetite.
- Momentos com “tagarelice” e situações nas quais o indivíduo se isola e fica calado sem explicação.
- Comportamentos impulsivos na fase de hipomania.
- Cansaço sem motivo na fase depressiva.
- Ideações suicidas em casos mais graves (durante a fase depressiva).
Quais as causas do transtorno ciclotímico?
O transtorno é caracterizado como multifatorial. Isso significa que não podemos descrever uma única causa para esse problema. Porém, alguns fatores podem ter um papel importante no desenvolvimento do quadro. São eles:
- Predisposição genética: Indivíduos com parentes de primeiro grau que foram diagnosticados com o transtorno ciclotímico ou transtorno bipolar podem ter uma predisposição genética para desenvolver o quadro.
- Riscos relacionados aos transtornos causados por substâncias: Indivíduos expostos ao consumo de substâncias químicas, como drogas, podem ter uma maior disposição para o desenvolvimento do transtorno.
- Questões ambientais e subjetivas: Questões ambientais e subjetivas também podem desenvolver esse tipo de quadro clínico, tendo em vista que o meio é capaz de impactar em nossa qualidade de vida e saúde mental.
Como é o tratamento da ciclotimia?
O tratamento pode seguir alguns pontos, como:
- Acompanhamento com psicólogo;
- Acompanhamento com psiquiatra;
- Internação em casos nos quais os sintomas saem do controle e colocam em risco o indivíduo e/ou as pessoas à sua volta.
No caso do acompanhamento com psicólogo, o sujeito receberá um suporte para compreender as próprias emoções, explorando a sua inteligência emocional. O autoconhecimento também poderá ajudar nessa fase, para que a pessoa comece a entender um pouco mais as suas mudanças de humor e quais ferramentas internas ela pode usar para lidar com isso.
O psiquiatra, por sua vez, poderá fazer o acompanhamento médico e focado na prescrição de medicamentos que auxiliem na hora de estabilizar os sintomas. Dessa forma, o sujeito será acolhido e poderá ter mais qualidade de vida com o controle proporcionado por medicamentos.
Por fim, a internação pode ser necessária em casos nos quais o indivíduo coloca em risco a sua vida ou a de terceiros. Por exemplo, na fase depressiva as ideações e comportamentos suicidas podem ser perigosos, bem como na fase de hipomania o sujeito pode se expor a riscos por se sentir mais “poderoso e seguro” de si.
Conclusão
O transtorno ciclotímico, embora seja considerado mais leve que a bipolaridade, também pode trazer sofrimento e prejuízos para o sujeito. As oscilações de humor podem se tornar um problema e, por conta desses fatores, o acompanhamento profissional é fundamental. Se você precisa de ajuda, entre em contato com a gente para que possamos lhe direcionar!
Referências
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 – 5ª Edição. Disponível em: <https://neuroconecta.com.br/wp-content/uploads/2019/01/DSM-5-portugues.-pdf.pdf> Acesso em 08 jul. 2022.
A vida com altos e baixos. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1802201005.htm> Acesso em 08 jul. 2022.
Psicóloga (CRP12/17354), pós-graduada em Psicologia Puerperal. Em paralelo a isso, cursa Letras – Português. Atua como psicoeducadora e redatora na Interhelp Internação. Psicanalista em formação, é apaixonada por tudo que envolve saúde mental, desenvolvimento humano, linguagem e bem-estar.