Segundo o DSM-V, a automutilação na adolescência, é classificada como um transtorno psiquiátrico que ainda necessita de muitos estudos para termos mais conclusões sobre o mesmo.
Isso porque ele pode estar muito associado com diversos outros quadros clínicos, até mesmo sendo encarado como uma comorbidade.
No CID-10 é tido como um transtorno de controle de impulso não específico, considerando que a automutilação é, inclusive, encontrada por entre os sintomas da personalidade borderline.
Por conta disso, elaboramos este artigo de hoje com o intuito de auxiliar o seu entendimento sobre o assunto. Acompanhe a seguir.
Sintomas da automutilação na adolescência
Os sintomas da automutilação na adolescência podem variar de adolescente para adolescente. Entretanto, é possível encontrar características semelhantes entre um caso e outro, ocasionando assim o diagnóstico do quadro clínico.
Dessa maneira, podemos entender os sintomas físicos como:
- Queimaduras na pele;
- Mordidas em diferentes partes do corpo;
- Cortes superficiais;
- Movimentos intencionais (para realmente mutilar o corpo);
- Arranhões;
- Movimentos repetitivos e estereotipados; entre outros.
É possível, ainda, nos deparamos com:
- Irritabilidade;
- Ansiedade;
- Agressividade em demasia;
- Choro recorrente;
- Necessidade de isolamento.
Causas da automutilação na adolescência
Assim como os sintomas podem sofrer alterações de um sujeito para outro, as causas seguem a mesma lógica. Porém, é possível observar alguns fatores mais preponderantes em casos onde o adolescente encontra na mutilação, a fuga para seus anseios e dores psíquicas. Observe:
- Tentativa de utilizar a automutilação como instrumento para extinguir ou reprimir estado cognitivo indesejado (pensamentos, por exemplo);
- Busca de atenção;
- Tentativa de fugir de alguma responsabilidade que possa ser vista como desagradável;
- Baixa autoestima;
- Necessidade de buscar o efeito analgésico e de “prazer” que os cortes e ferimentos podem provocar;
- Busca por um escape emocional.
É preciso observar que a automutilação nada tem a ver com “frescura” ou exagero do adolescente. Trata-se de uma tentativa de comunicação, que põe em pauta algo interno seu.
Pois é importante compreendermos que, desde sempre, o corpo é usado para comunicação, e automutilação aparece como um meio de demonstrar algo. Um exemplo mais próximo ao nosso cotidiano, é o uso de tatuagens e piercings.
Entretanto, não nos referimos que tatuagens e piercings são vistos como “problema”, mas sim, a comparação é válida, pois sabemos que esta prática remete à comunicar algo sobre si, sobre sua personalidade e sobre o que se pensa.
Desse modo, a automutilação passa a ser caracterizada como uma comunicação, um apontamento de que algo precisa ser escutado, atendido e ressignificado.
Fatores de risco
Podemos encontrar alguns fatores de risco atrelados à automutilação na adolescência, sendo estes percebidos, em muitos casos, como as causas do problema. São eles:
- Abuso emocional, sexual ou físico;
- Separação dos pais, especialmente quando a guarda é destinada à apenas um deles;
- Abuso de substâncias químicas;
- Bullying;
- Conflitos familiares;
- Contato com outro adolescente que se automutila;
- Depressão;
- Ansiedade e/ou estresse;
- Ideações e tentativa de suicídio.
Tratamento da automutilação na adolescência
Para entendermos como funciona o tratamento em casos de automutilação na adolescência, precisamos compreender que a mesma se associa à uma alternativa à dor psíquica, ocasionando o que chamamos de “passagem ao ato”.
Isso porque quando nos ferimos, o nosso Sistema Nervoso Central libera uma quantidade de endorfina com o objetivo de promover um efeito analgésico. Acontece que essa endorfina também causa a sensação de bem estar. Com isso, a dor física seda a psíquica, como um escape.
Como ainda não há uma teoria específica das causas, fica difícil apontar apenas um único tratamento, seja ele psicoterapêutico ou farmacológico.
Com isso, o tratamento se envolve com a estimulação da singularidade, com a escuta do paciente. Tendo em vista que a adolescência é um período de transição muito difícil, a angústia da travessia surge, contribuindo para casos de automutilação.
Em contrapartida a isso, a escuta qualificada se faz necessária como um auxílio para o sujeito que sofre, com o intuito de produzir elaborações mais proveitosas quanto à descoberta de ser, de atravessar o caminho entre infância e adolescência.
Assim, a terapia visa garantir a escuta, a empatia e um tratamento que auxilie na ressignificação das dores psíquicas. Tudo isso, considerando também o tratamento interdisciplinar, incluindo médicos psiquiatras que, em determinados casos, possam intervir de maneira medicamentosa.
Contudo, a automutilação na adolescência é uma comunicação, um corte que traz à luz anseios psíquicos, que, a todo custo, tentam manter-se escondidos. É papel do psicólogo, no entanto, escutar e auxiliar na diluição destas dores psíquicas.
+Leia também: Médico psiquiatra: o que esperar de uma primeira consulta
Acesse nosso site: www.interhelpinternacao.com.br
FALE CONOSCO: 0800 500 9945
Psicóloga (CRP12/17354), pós-graduada em Psicologia Puerperal. Em paralelo a isso, cursa Letras – Português. Atua como psicoeducadora e redatora na Interhelp Internação. Psicanalista em formação, é apaixonada por tudo que envolve saúde mental, desenvolvimento humano, linguagem e bem-estar.