Transtorno Dissociativo de Identidade: Sintomas, causas e tratamentos

transtorno dissociativo de identidade

Públicado em: 6 de julho de 2022

Última Atualização em: 6 de julho de 2022

transtorno dissociativo de identidade é um assunto que ainda gera muitas controvérsias. No entanto, o transtorno está catalogado no DSM-V e apresenta características passíveis de um diagnóstico. Conhecer mais sobre o assunto é uma forma de desmistificar o tema. Acompanhe este texto para saber mais!

O que é o transtorno dissociativo de identidade?

O transtorno dissociativo, também chamado de transtorno dissociativo de identidade, pode ser compreendido como uma perturbação e/ou descontinuidade do que seria considerado uma integração normal da identidade, memória, percepção, representação corporal, controle motor, comportamento e consciência do sujeito. O indivíduo pode demonstrar um tipo de “amnésia” com relação à sua própria identidade, comportamentos, etc.

Além disso, o sujeito pode apresentar duas ou mais identidades ou estados de personalidade, que possuem um padrão e características específicas e únicas. Cada personalidade tem a sua forma de se relacionar, perceber, sentir, se comportar, entre outros pontos.

Quais são os principais sintomas do transtorno dissociativo de identidade?

Os sintomas mais comuns são:

  • Intrusões recorrentes inexplicáveis em seu funcionamento consciente e no senso de identidade própria (como impulsos intrusivos);
  • Ruptura da identidade caracterizada por uma ou mais personalidades (a pessoa apresenta-se como se tivesse mais de uma personalidade);
  • Descontinuidade no senso de “eu”;
  • Mudanças bizarras de percepção do eu, como por exemplo, sentir que está fora do corpo;
  • Lacunas de recordação em eventos cotidianos (como se a pessoa se “desligasse” em diversos momentos, não armazenando a lembrança do que ocorreu);
  • Alterações relacionadas à memória, afeto, percepção, cognição, comportamentos e funcionamento sensório-motor;
  • Ausência da consciência completa;
  • Confusão mental.

Outros pontos relevantes que podem ser observados, para que o diagnóstico aconteça, são:

  • O indivíduo pode demonstrar comportamentos de automutilação;
  • Abuso de substâncias químicas;
  • Sintomas de depressão;
  • Sintomas de ansiedade;
  • Perturbações na consciência;
  • Episódios psicóticos transitórios;
  • Comportamentos suicidas.

Cada caso é único e o profissional da saúde deverá avaliar com profundidade para um diagnóstico assertivo que viabilize um tratamento alinhado às necessidades do sujeito.

Quais as causas do transtorno dissociativo?

O transtorno dissociativo pode ser compreendido como um distúrbio multifatorial. Isso significa que não existe apenas uma causa para o desenvolvimento desse quadro.

No entanto, eventos estressantes, que caracterizam quadros de estresse pós-traumático, podem ser uma das causas do distúrbio. Isso porque o indivíduo que passa por situações de abuso, negligência emocional e violência, pode desenvolver o quadro como uma espécie de defesa psíquica, a fim de lidar melhor com as memórias dolorosas.

Sendo assim, podemos pensar em dois pontos importantes:

  • O transtorno pode ser desenvolvido a partir de um evento estressor intenso, como uma violência;
  • O transtorno também pode ser desenvolvido como uma forma de se defender de lembranças dolorosas e difíceis.

Vale ressaltar que cada caso é único e merece uma atenção ímpar por parte do profissional da saúde.

Qual o tratamento para transtorno dissociativo de identidade?

O tratamento multidisciplinar oferece um suporte a mais para o paciente lidar com os efeitos do transtorno. Saiba mais:

1. Psicoterapia

A psicoterapia tem um papel importante no tratamento deste tipo de transtorno. Isso porque por meio da psicoterapia é possível auxiliar o indivíduo em sua organização mental e emocional, buscando lidar melhor consigo mesmo e compreender as múltiplas facetas de suas personalidades. Basicamente, o tratamento pode seguir:

  • A construção de um vínculo, que proporcione a estabilização dos sintomas;
  • Trabalho focado nas memórias traumáticas;
  • Integração das identidades e reabilitação.

Esse processo acontece de forma gradual e sempre respeitando os limites do paciente. Afinal, muitas vezes o transtorno relaciona-se com questões traumáticas e difíceis para o sujeito.

2. Psicoeducação

A psicoeducação deve acontecer tanto para o paciente (compreender o seu próprio transtorno e saber mais sobre o assunto), quanto com a família. Afinal, o papel da família é fundamental quando o assunto é reequilíbrio da saúde mental de um indivíduo. Assim, ao receber o suporte adequado ao caso, com conhecimento e conscientização, a família pode se tornar um espaço mais seguro para o indivíduo com diagnóstico de transtorno dissociativo de identidade.

3. Tratamento medicamentoso

Embora não existam medicamentos que tratem diretamente o transtorno dissociativo de identidade, alguns fármacos podem ser usados no tratamento dos sintomas de ansiedade e depressão, visando mais qualidade de vida para o sujeito.

4. Acompanhamento psiquiátrico

O acompanhamento psiquiátrico é outro tratamento relevante que pode fazer parte da rotina de cuidados do paciente. Inclusive, é por meio do tratamento psiquiátrico que os fármacos, mencionados no tópico acima, poderão ser prescritos e administrados.

5. Internação em casos com comportamentos suicidas

Segundo o próprio DSM-V, estima-se que mais de 70% dos pacientes ambulatoriais com transtorno dissociativo apresentam comportamentos suicidas. Esses comportamentos colocam a vida do indivíduo em risco e, por conta disso, precisam de uma atenção especial dos profissionais da saúde.

Nesses casos, a internação pode ser um caminho bastante promissor, tendo em vista que dessa forma será possível acompanhar o paciente de perto e possibilitar um suporte a mais para a própria vida do indivíduo.

Conclusão

O transtorno dissociativo de identidade é caracterizado pela presença de dois ou mais estados de identidade. Isto é, trata-se de um transtorno no qual o sujeito apresenta mais de duas personalidades distintas. Além disso, sinais como amnésia, questões comportamentais e pensamentos intrusivos dão pistas da presença desse tipo de quadro.

Requer acompanhamento médico e psicológico e em casos de comportamentos suicidas, a internação psiquiátrica pode ser requerida para proteger a vida do sujeito. Isso porque quando o sujeito demonstra esse tipo de comportamento, a sua própria integridade pode estar em risco, requerendo o suporte profissional que o proteja.

Referências

Transtorno Dissociativo de identidade. Disponível em: <https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/download/2706/1121#page=203> Acesso em 06 jul. 2022.

Transtorno dissociativo de identidade (múltiplas personalidades): relato e estudo de caso. Disponível em: <https://revistardp.org.br/revista/article/view/173> Acesso em 06 jul. 2022.

Transtorno dissociativo de identidade: aspectos diagnósticos e implicações clínicas e forenses. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/fid/article/view/46307> Acesso em 06. jul. 2022.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 – 5ª Edição. Disponível em: <https://neuroconecta.com.br/wp-content/uploads/2019/01/DSM-5-portugues.-pdf.pdf> Acesso 06 jul. 2022.

Revisado por Camila Bonatti: Psicóloga (CRP12/17354)

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