Públicado em: 20 de julho de 2022
Última Atualização em: 4 de abril de 2023
O transtorno de ansiedade generalizada pode provocar uma preocupação excessiva, difícil de ser controlada, e que se torna persistente na vida do indivíduo. As causas do problema são multifatoriais, e podem estar associadas a questões ambientais, histórico familiar, hereditariedade, etc. O tratamento pode ser psicoterapêutico e medicamentoso. É fundamental entender o quadro para buscar ajuda qualificada.
Por isso, fizemos este guia com uma série de detalhes importantes sobre o tema. Acompanhe para saber mais.
O que é o transtorno de ansiedade generalizada?
O transtorno de ansiedade generalizada, também conhecido como TAG, pode ser entendido como um distúrbio que provoca uma preocupação excessiva no indivíduo. Essa preocupação pode desencadear outros sintomas, como inquietação, sensação de estar com os nervos à flor da pele, tensão muscular, etc. Essas sensações costumam ser persistentes e os sintomas são percebidos de forma recorrente por, pelo menos, 6 meses.
Trata-se de uma situação que pode parecer difícil de controlar. Isto é, o indivíduo pode sentir que não tem controle sobre o que sente, vivenciando sintomas intensos que podem, ainda, ser somáticos – é o caso de pessoas que ficam com dor de cabeça, diarréia, sudorese ou outro sintoma físico por conta da ansiedade.
Esse quadro exige acompanhamento psicoterapêutico para que o indivíduo possa lidar melhor com os sintomas, entendendo-os e minimizando-os.
Como identificar transtorno de ansiedade generalizada? Quais os sintomas?
Para identificar um quadro de transtorno de ansiedade generalizada, o médico deverá avaliar os sintomas apresentados pelo paciente. Alguns dos sintomas mais comuns desse quadro são os seguintes:
- Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
- Fatigabilidade.
- Dificuldade para se concentrar.
- Sensações de “branco” na mente.
- Irritabilidade.
- Tensão muscular e dores musculares.
- Sintomas somáticos, como sudorese, diarréia, náusea, cefaléia, etc.
- Batimentos cardíacos acelerados no momento em que a crise acontece.
- Perturbação do sono.
- Dificuldade para controlar as suas preocupações.
- Ansiedade e preocupação excessiva, que acontece por, pelo menos, seis meses, com diversos eventos e atividades.
Como é feito o diagnóstico do transtorno de ansiedade generalizada?
O diagnóstico só pode ser feito por um médico psiquiatra que irá avaliar uma análise clínica do caso. Nesta análise, o médico levará em conta fatores como:
- A intensidade e frequência dos sintomas.
- Período em que os sintomas iniciaram – é preciso vivenciar os sintomas por pelo menos 6 meses para ter o diagnóstico.
- A história clínica do paciente.
- O impacto dos sintomas na vida do sujeito – será analisado se há prejuízos e consequências intensas causadas pelos sintomas.
- Se há algum outro diagnóstico que possa justificar o aparecimento dos sintomas.
- Se o quadro está associado a alguma substância química, como drogas, medicamentos consumidos de forma inadequada, etc.
Depois da avaliação minuciosa, o médico poderá fechar o diagnóstico para, a partir disso, desenvolver o tratamento que for mais alinhado com o quadro.
Quais as causas do transtorno de ansiedade generalizada?
As causas do transtorno de ansiedade generalizada podem ser caracterizadas como multifatoriais. Isso significa que o desenvolvimento do quadro pode estar associado a uma série de fatores ambientais, genéticos, fisiológicos e temperamentais, por exemplo.
Assim, sendo, podemos citar algumas circunstâncias que podem vir a ter relação com o quadro:
- Adversidades na infância.
- Superproteção parental durante a infância.
- Inibição comportamental.
- Hereditariedade, em casos nos quais o indivíduo tenha algum parente com o TAG ou transtorno depressivo maior, por exemplo.
- Diversos problemas ao longo da vida também podem desencadear o quadro.
Vale ressaltar que cada caso é único, o que significa que as causas de uma crise de ansiedade e do quadro de TAG é diferente para cada indivíduo. Por isso, inclusive, que o tratamento deve ser alinhado ao perfil do paciente, a fim de entregar a ele mais qualidade de vida e bem-estar.
Tratamento para transtorno de ansiedade generalizada
O tratamento para TAG costuma ser multidisciplinar, convocando os mecanismos da psicoterapia e o acompanhamento psiquiátrico para casos nos quais há a necessidade de prescrição de medicamentos.
Sendo assim, o tratamento consiste em:
Psicoterapia
Na psicoterapia, o indivíduo tem a oportunidade de explanar o que sente, podendo compreender mais a fundo as próprias emoções e os sintomas de ansiedade. Os gatilhos do problema também podem ser melhores compreendidos, visando um maior autocontrole no dia a dia. Inclusive, o indivíduo pode vir a aprender estratégias de minimizar os sintomas de ansiedade, para ter um suporte a mais quando a crise se instaurar.
As questões traumáticas da infância, que potencialmente podem ter relação com o quadro, também poderão ser ressignificadas durante o tratamento psicoterapêutico. Desse modo, o indivíduo começa a lidar melhor com as suas próprias emoções, à medida que o tempo passa.
Vale ressaltar que não podemos descrever uma quantidade específica de sessões para tratar o transtorno de ansiedade generalizada. Cada caso pode exigir uma quantidade de sessões específica.
Medicamento
O medicamento também poderá ser prescrito pelo médico psiquiatra. Neste caso, caberá ao médico avaliar a gravidade dos sintomas e o quanto eles podem estar impactando a qualidade de vida do sujeito. A partir dessa análise será prescrito o fármaco que mais auxilie o indivíduo em seu dia a dia.
É importante ter em mente que apenas o médico psiquiatra é quem poderá fazer essa prescrição. Jamais se automedique. Busque sempre a ajuda profissional para encontrar a melhor forma de lidar com os sintomas da TAG.
Qual a diferença entre ansiedade e transtorno de ansiedade generalizada?
A ansiedade faz parte da natureza humana. Nós nos sentimos ansiosos diante de algo desconhecido, diferente ou desafiador.
Porém, quando essa ansiedade começa a ser muito incapacitante, a ponto de fazer com que a pessoa não consiga seguir com a sua vida, abrindo mão de coisas importantes e se esquivando de compromissos, é importante ficar atento. Afinal, nessas situações, não estamos mais lidando com a ansiedade “normal”.
Terapias complementares e alternativas para o TAG
Existem algumas atividades e terapias complementares que podem fazer parte do dia a dia do indivíduo com Transtorno de Ansiedade Generalizada. Essas alternativas visam oferecer mais relaxamento, conforto e foco no presente, como os exemplos abaixo:
- Yoga: Que fornece uma maior consciência do corpo e aumenta o bem-estar.
- Exercícios físicos: Que liberam hormônios do prazer e reduzem o estresse e a ansiedade.
- Atividades artísticas e expressivas, como desenho: Que ajudam a pessoa a distrair a mente e pode proporcionar prazer.
- Mindfulness: Consiste em focar no presente, esvaziando a mente dos pensamentos sobre o futuro ou passado.
Como a família e amigos podem ajudar alguém com TAG?
A família e os amigos podem formar uma verdadeira rede de apoio para pessoas que sofrem com TAG. Nos momentos de crise, podem fornecer acolhimento, escuta ativa e até mesmo ajudar a pessoa a se distrair dos sintomas. Algumas ações podem ser consideradas interessantes, como, por exemplo:
- Auxiliar a pessoa no controle da respiração, a fim de acalmá-la, na medida do possível.
- Levar a pessoa para um ambiente mais tranquilo, onde ela possa se sentir à vontade.
- Conversar com o indivíduo sobre o que ele sente, ajudando-o a organizar os pensamentos e a separar os medos irracionais da realidade. Mas não invalide o que o outro sente, apenas ajude-o a organizar o que está vivenciando.
- Ajude a pessoa a redirecionar a atenção para coisas que acontecem no ambiente, levando-a para pisar no gramado de casa e sentir o vento ao ar livre, por exemplo.
- Procure saber mais sobre o transtorno, para não dizer algo que possa piorar a situação ou magoar, como, por exemplo, algo relacionado a “isso é frescura” ou “falta do que fazer”.
Conversar com um profissional para buscar orientações sobre cada caso também é uma excelente ideia.
Como lidar com as crises?
Apesar de não existir fórmula de como lidar com as crises de ansiedade, existem ações que tendem a contribuir nesses casos, como, por exemplo:
- Buscar um lugar mais tranquilo para relaxar o quanto puder – mesmo que seja difícil.
- Controlar a respiração, inspirando e expirando com calma e profundamente.
- Focar em algo diferente, como alguma coisa que possa estar acontecendo no ambiente. É o caso de observar um passarinho voando, sentir a peça de roupa tocando a pele, entre outras ações.
- Procure fazer uma atividade relaxante, mesmo que, no começo, possa parecer difícil. É o caso de desenhar, pintar, escrever, cozinhar, fazer artesanato, jardinagem, ou qualquer outro tipo de atividade que ajude a relaxar e a se distrair.
- Converse com alguém de sua confiança sobre o que você sente, sem se culpar por isso.
Lembre-se de que além dessas medidas mais emergenciais, buscar ajuda profissional também é importante, pois o psicólogo ou psiquiatra poderá prescrever um tratamento mais alinhado ao seu caso.
O que o TAG pode causar?
A TAG, em momentos de crise, pode causar taquicardia, sudorese, formigamento nos membros, sensação de perda de controle, medo de morrer, entre outros sintomas semelhantes. A pessoa em crise pode sentir uma angústia muito grande.
Quem tem TAG pode ter uma vida normal?
Sem dúvida alguma! Uma pessoa com TAG não fica incapacitada de levar uma vida normal. Ela pode trabalhar, estudar, relacionar-se e fazer tudo normalmente. Acontece que, às vezes, as crises poderão aparecer, tornando alguns momentos mais difíceis.
No entanto, o tratamento psicoterapêutico e medicamentoso poderão prevenir esses tipos de crises, fomentando mais qualidade de vida e bem-estar para a pessoa.
O que acontece se não tratar a TAG?
Caso a pessoa opte por não seguir com o tratamento de TAG, a situação poderá se agravar com o passar do tempo.
Isso porque, os sintomas podem começar a se tornar cada vez mais intensos, atrapalhando a rotina do indivíduo e causando prejuízos na sua qualidade de vida como um todo.
As crises podem se tornar mais assustadoras, e a pessoa pode ter dificuldades para agir diante delas. Em algumas situações, o sujeito pode até sentir que consegue controlar o problema, mas, às vezes, também pode vivenciar a sensação de descontrole.
Assim, conforme o tempo passa, as questões emocionais podem, em alguns casos, se transformar em casos de psicossomatização, que é quando doenças e problemas físicos começam aparecer em proveniência dos problemas de saúde mental, como enxaquecas, doenças digestivas, alergias, insônia, entre outros.
Por isso, buscar ajuda é, acima de tudo, criar caminhos para uma vida mais saudável, de qualidade e equilibrada.
Quanto tempo dura uma crise de TAG?
Depende de cada caso. Há quem relate a duração de 20 minutos, enquanto outras pessoas podem experimentar crises de 1 hora. Tudo depende do histórico do paciente e dos gatilhos envolvidos.
Por conta desses fatores, inclusive, que a intervenção pode ser diferente, em cada caso.
Prevenção do TAG
Não existe um protocolo infalível de prevenção do TAG, pois não existe apenas uma causa única para o problema. No entanto, manter um estilo de vida saudável, com bons hábitos, pode reduzir as chances de aparecimento do problema.
Por isso, praticar exercícios, cuidar do sono, alimentar-se adequadamente, cultivar boas relações e dar atenção às emoções são medidas que tendem auxiliar na proteção da saúde mental e na redução de chances de desenvolver um quadro de Transtorno de Ansiedade Generalizada.
Inclusive, a psicoterapia pode ser uma ferramenta interessante nesse sentido. Ou seja, ela não precisa ser procurada apenas quando a pessoa já tem algum sintoma de ansiedade, mas, sim, pode ser acionada como forma de se autoconhecer e de desenvolver a inteligência emocional, prevenindo problemas de saúde mental como a própria TAG.
Conclusão
O transtorno de ansiedade generalizada pode provocar um sofrimento intenso na vida de quem tem esse diagnóstico. Isso porque a irritabilidade, a ansiedade e a preocupação excessiva podem atrapalhar as tomadas de decisão, a concentração e o bem-estar de uma forma geral.
Suas causas são multifatoriais e podem estar associadas a uma série de questões da vida do sujeito. Sendo assim, o tratamento deve ser adequado para cada caso, tendo em vista que uma pessoa nunca será igual a outra.
Por isso, buscar a ajuda psicológica e psiquiátrica é tão importante. Por meio de um tratamento adequado e alinhado às necessidades do paciente é possível desenvolver uma rotina mais equilibrada e que minimize os sintomas.
Referências
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 – 5ª Edição. Disponível em: <https://dislex.co.pt/images/pdfs/DSM_V.pdf> Acesso em 20 jul. 2022.
Psicóloga (CRP12/17354), pós-graduada em Psicologia Puerperal. Em paralelo a isso, cursa Letras – Português. Atua como psicoeducadora e redatora na Interhelp Internação. Psicanalista em formação, é apaixonada por tudo que envolve saúde mental, desenvolvimento humano, linguagem e bem-estar.