Públicado em: 14 de julho de 2022
Última Atualização em: 14 de julho de 2022
O transtorno de despersonalização é caracterizado como um transtorno dissociativo, pelo DSM-V. Apresenta sintomas de distanciamento da realidade, seja com relação ao corpo ou à própria mente, e pode ocasionar prejuízos para a vida social e profissional do indivíduo.
Pensando nisso, desenvolvemos este conteúdo com o intuito de responder uma série de questões importantes sobre o tema. Saiba mais sobre o assunto!
O que é o Transtorno de Despersonalização?
O transtorno de despersonalização é caracterizado pela experiência de irrealidade ou distanciamento da própria mente, de si ou do corpo. É este distanciamento que costuma ser chamado de despersonalização. Além disso, o indivíduo também pode demonstrar a desrealização, que é quando há a presença de experiências irreais ou distanciamento do ambiente ao redor. Trata-se de um quadro persistente ou recorrente.
Para que seja mais fácil compreender o quadro, vamos dividir nos dois pontos acima citados:
- Despersonalização: O indivíduo distancia-se de si mesmo. Por exemplo, passa a ter alterações da percepção, senso distorcidos do tempo, sensação de irrealidade, anestesia emocional e/ou física, etc.
- Desrealização: O indivíduo passa a distanciar-se da realidade presente no ambiente no qual ele está inserido. É o caso de pessoas que enxergam indivíduos ou objetos de uma forma distorcida, irreal, onírica, nebulosa, etc.
Esse quadro costuma causar sofrimento significativo e, inclusive, prejuízos no funcionamento social, profissional ou de outras áreas importantes da vida do sujeito.
Além disso, há indivíduos que apresentam apenas a presença da despersonalização, enquanto outros apresentam a presença da desrealização. De qualquer forma, existem casos em que ambas estão presentes.
Quais são os sintomas da despersonalização?
Os sintomas de despersonalização e desrealização podem ser:
- O indivíduo pode relatar que se sente separado do próprio corpo, como se assistisse a si mesmo de “fora”. Há indivíduos que relatam essa sensação comparando-se com zumbis.
- Ao olhar para partes do corpo o indivíduo pode relatar que sente que está vendo uma foto, e não a si mesmo.
- Dificuldade para se reconhecer diante do espelho.
- Sensação de que o corpo não pertence ao indivíduo.
- Sensação de perder o controle do que fala e do que diz.
- A pessoa pode sentir que está anestesiada, tanto física, quanto emocionalmente.
- No caso de desrealização, o indivíduo pode sentir que está desligado do ambiente, ou como se houvesse uma névoa que o separa do resto do espaço.
- Ainda na desrealização, o sujeito pode relatar mudanças significativas na percepção do ambiente, enxergando objetos distorcidos e tendo dificuldade para lidar com o tempo – que pode parecer extremamente rápido ou absurdamente lento.
O que causa o transtorno de despersonalização?
As causas do transtorno de despersonalização são multifatoriais e podem ter forte relação com a infância do indivíduo. Isso significa que pessoas diagnosticadas com esse quadro, muitas vezes, vivenciaram episódios estressores e traumatizantes ainda quando crianças. Além disso, existem outros fatores que podem estar envolvidos com o caso, como por exemplo:
- Abusos emocionais vivenciados na infância ou adolescência;
- Abusos físicos vivenciados na infância ou adolescência;
- Ter sido testemunha de um desses tipos de abusos traumáticos;
- Ter vivenciado situações de violência extrema;
- Estar passando por um processo de luto muito difícil de ser elaborado.
Quanto tempo dura a crise de despersonalização? Qual a prevalência?
Segundo o próprio DSM-V, a duração de uma crise de despersonalização/desrealização, na maior parte dos casos, costuma durar algumas horas ou dias. Porém, em uma menor prevalência é possível encontrar duração de 12 meses.
Além disso, um dado importante relacionado ao quadro é que estima-se que pelo menos a metade dos adultos já tenham vivido algum episódio transitório de desrealização/despersonalização. Obviamente, isso não configura um diagnóstico do transtorno, pois neste caso a prevalência tende a ser menor.
Qual médico trata despersonalização? Tratamento para transtorno de despersonalização
O médico preparado para tratar o transtorno de despersonalização é o psiquiatra. Ele poderá analisar o caso do indivíduo e prescrever medicamentos que possam auxiliar no equilíbrio do sujeito e na diminuição de uma série de sintomas. Vale ressaltar que essa medicação é prescrita de acordo com o caso e a administração pode sofrer alterações à medida que o tempo passa.
Além do psiquiatra, a psicoterapia dada por um psicólogo também pode ter um papel importante no processo de melhora da qualidade de vida do sujeito. É por meio da psicoterapia que algumas situações estressoras poderão ser elaboradas e ultrapassadas, visando proporcionar uma melhora significativa para o indivíduo.
Em alguns casos, a internação também pode ser necessária. Isso porque se o indivíduo demonstrar algum risco para si ou para terceiros, devido aos sintomas do transtorno, ele pode vir a ser internado até que os sintomas sejam reequilibrados e ele volte ao estado de equilíbrio emocional e mental.
Porém, nem sempre a internação é necessária. Cabe ao profissional da saúde, no caso, o psiquiatra, avaliar o quadro clínico e a história do paciente, visando oferecer a ele o tratamento mais adequado. A qualidade de vida e a saúde sempre estarão em primeiro lugar.
Se você procura por uma clínica psiquiátrica que auxilie no tratamento do transtorno de despersonalização/desrealização, a Interhelp Internação está aqui para ajudar você! Entre em contato com a nossa equipe e saiba mais sobre.
Conclusão
O transtorno de despersonalização pode apresentar sintomas de irrealidade relacionada ao próprio corpo do paciente, como essa irrealidade pode estar relacionada ao contexto e ambiente – no caso, chama-se desrealização. Trata-se de um quadro costumeiramente associado aos traumas adquiridos na infância/adolescência, quando o indivíduo vive situações estressoras, violentas ou de abuso (psicológico ou físico).
Requer acompanhamento médico, especialmente quando as crises persistem por muitos dias e têm gerado prejuízos à saúde mental, emocional e social do sujeito. Por meio do tratamento, que pode ser farmacológico e psicológico, o sujeito pode estabilizar os sintomas e encontrar ferramentas internas para lidar com os traumas, com o estresse e com as questões relacionadas ao quadro.
Referências
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 – 5ª Edição. Disponível em: <https://dislex.co.pt/images/pdfs/DSM_V.pdf> Acesso em 14 jul. 2022.
Psicopatologia da despersonalização. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/anp/a/QBLYW7vx49DBT6Sx6cyHNrs/?format=pdf&lang=pt> Acesso em 14 jul. 2022.
Despersonalização. Disponível em: <https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/despersonalizacao> Acesso em 14 jul. 2022.
Psicóloga (CRP12/17354), pós-graduada em Psicologia Puerperal. Em paralelo a isso, cursa Letras – Português. Atua como psicoeducadora e redatora na Interhelp Internação. Psicanalista em formação, é apaixonada por tudo que envolve saúde mental, desenvolvimento humano, linguagem e bem-estar.