Públicado em: 26 de setembro de 2022
Última Atualização em: 26 de setembro de 2022
A psicossomatização, chamada no senso comum de dor psicológica, existe e, em muitos casos, pode ocasionar impactos intensos na vida de indivíduos que lutam pelo desconforto durante anos. Isso porque diversos estudos apontam que a nossa mente e o nosso corpo estão interligados – o que acontece na mente pode acarretar em efeitos no corpo, e vice-versa.
Nosso cérebro é o responsável por decodificar as sensações que sentimos e recebemos por meio dos nossos sentidos. Logo, sua interação com as nossas emoções e questões psicológicas pode desencadear o que chamamos de dores psicossomáticas: que surgem em decorrência de questões psicológicas.
Neste texto, reunimos algumas informações importantes sobre o tema, para que você possa refletir sobre o assunto e, quem sabe, ter uma maior compreensão sobre as dores psicológicas.
O que é a dor psicológica/psicossomática?
Toda dor deve ser acompanhada por um profissional da saúde qualificado, ainda mais se levarmos em conta que cada caso sempre será único e singular. Ao mesmo tempo, não devemos, simplesmente, ignorar a possibilidade de existir uma dor psicológica, proveniente de questões emocionais.
Sendo assim, quando pensamos no que é a dor psicológica, no sentido de psicossomatização, podemos caracterizá-la como uma dor sentida pelo paciente, mas que não tem como causa uma doença, por exemplo. Mas sim, as suas causas podem estar relacionadas com questões emocionais.
Um exemplo seria uma mulher que sofreu abuso sexual ter dores durante a relação com o seu companheiro(a), uma vez que o trauma sofrido no momento do abuso pôde provocar uma certa aversão ao relacionamento sexual, resultando em dores psicológicas, podemos assim dizer.
Obviamente, não estamos generalizando! Nem toda mulher que sofre abuso terá essa dor e, ao mesmo tempo, nem toda mulher que sofre com dores na relação terá esse sintoma por conta de um abuso ou uma dor psicossomática, puramente.
Apenas exemplificamos para que fique mais claro o conceito de psicossomatização. Mas, novamente, reiteramos que o ideal é investigar cada caso e conversar com o médico sobre a possibilidade de se iniciar uma psicoterapia, por exemplo.
Além disso, é importante termos em mente que algumas doenças que provocam dores crônicas também podem ter os seus sintomas “fortalecidos” à medida que as emoções sofrem impactos por conta dessa condição.
É o caso de uma pessoa ter dores crônicas nas articulações, por exemplo, e sua mobilidade fica reduzida a ponto de causá-la sentimentos de tristeza, medo, insegurança, frustração e baixa autoestima. Esse cenário com emoções e sentimentos negativos pode ocasionar uma sensação de piora na dor, à medida que o tempo passa, o que prejudica ainda mais a qualidade de vida do sujeito.
Aqui, também estamos diante de uma dor que piora por questões psicológicas, que se ancora em uma dor do corpo, proveniente de uma doença nas articulações, por exemplo.
A dor psicológica como psicossomática ou dor emocional
Outro ponto que devemos diferenciar é que existe a dor psicológica psicossomática que ocasiona uma dor no corpo, de fato, e a dor psicológica emocional, que nada mais é do que uma dor psíquica que pode ser associada a estímulos psicológicos nocivos.
Quais as causas da dor psicológica/psicossomatização?
As causas da psicossomatização podem ser multifatoriais. Isto é, não existe uma única causa para a questão aparecer no “corpo” do sujeito.
Cada indivíduo possui uma única história de vida e uma única relação com os sintomas dolorosos. Sendo assim, as questões subjetivas têm um papel muito importante quando pensamos nas causas da dor psicossomática.
Voltando ao exemplo de uma mulher que sofre abuso sexual, fica claro que ela pode desenvolver uma dor psicológica proveniente da situação, bem como outra mulher pode não apresentar sintoma algum nesse sentido.
Por isso, o melhor a se fazer é investigar cada caso, visando compreender os motivos pelos quais aquela situação se instalou na vida do sujeito, ao mesmo tempo em que a terapia pode servir de alicerce para superar o problema, na medida do possível.
Quais os tipos de dor psicossomática?
Existem muitos tipos de dores ocasionadas pela psicossomatização.
Há pessoas que podem sentir dores no trato digestivo quando estão ansiosas; há indivíduos que têm muita enxaqueca e dor de cabeça proveniente de situações de preocupação extrema; e assim por diante.
Cada caso sempre deve ser avaliado de forma ímpar, uma vez que cada quadro de psicossomatização é diferente, devido à história de vida do indivíduo.
Qual o tratamento para dor psicológica/psicossomatização?
As dores causadas por quadros psicossomáticos exigem o acompanhamento de um psicólogo.
Se porventura o caso de psicossomatização for detectado, a terapia poderá auxiliar o indivíduo na compreensão da sua dor, das causas por trás do quadro doloroso e das medidas que podem ser tomadas para minimizar o problema.
Ao mesmo tempo, o psicólogo pode conduzir o paciente em busca do autoconhecimento e da quebra de tabus e paradigmas internos que podem estar envolvidos com as dores. Além disso, alguns traumas, caso existam, também poderão ser discutidos e elaborados, visando o aumento na qualidade de vida do sujeito em questão.
Vale ressaltar, ainda, que o tratamento para quadros de psicossomatização varia de acordo com as questões trazidas pelo indivíduo. Por isso, o psicólogo irá avaliar, nas primeiras sessões, as questões trazidas pelo paciente, para então pensar em métodos de intervenção que possam ser efetivos e ancorados na ciência.
Conclusão
A psicossomatização, chamada de dor psicológica no senso comum, representa as dores corporais sem causa física aparente, ou seja, que podem estar ancoradas nas questões emocionais do paciente.
Esse tipo de dor pode ser tratada por meio da psicoterapia, visando compreender mais sobre a situação do paciente e oferecendo a ele mecanismos de autoconhecimento que o ajudem a lidar com as questões internas envolvidas com os conflitos emocionais e psicológicos.
Se você tem sentido dores sem causa aparente, considere procurar a ajuda de um psicólogo e jamais descarte a consulta com profissionais da saúde. Toda dor deve ser investigada e tratada de acordo com o caso.
Referências
Avaliação psicológica de pacientes com dor crônica: quando, como e por que encaminhar? Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rdor/a/jJ3dDK9yK7Jzhm4f6fCjMTF/?lang=pt>. Acesso em 26 set. 2022.
Psicóloga (CRP12/17354), pós-graduada em Psicologia Puerperal. Em paralelo a isso, cursa Letras – Português. Atua como psicoeducadora e redatora na Interhelp Internação. Psicanalista em formação, é apaixonada por tudo que envolve saúde mental, desenvolvimento humano, linguagem e bem-estar.