Públicado em: 15 de julho de 2022
Última Atualização em: 15 de julho de 2022
O transtorno de escoriação, também chamado de skin picking, pode provocar lesões na pele do sujeito, causando desconforto, sentimento de culpa, vergonha, dor, etc. Em alguns casos, a conduta de beliscar e machucar a própria pele tende a ser automática, e o indivíduo não se dá conta, em um primeiro momento, da sua própria ação. Porém, ao perceber o comportamento, a pessoa tende a querer parar, mesmo falhando em suas tentativas.
Se você se identificou com esse trecho, ou conhece alguém que possa ter sintomas de transtorno de escoriação, acompanhe este conteúdo e acesse o nosso material informativo sobre o tema. Apenas lembre-se de que o nosso intuito não é fechar um diagnóstico, mas sim, apresentar direcionamentos para procurar a ajuda de um profissional qualificado. Vamos lá!
O que é Transtorno de Escoriação?
Em linhas gerais, podemos descrever o transtorno de escoriação, também chamado de skin picking em inglês, como o comportamento de cutucar, escavar, cortar, arranhar, beliscar ou realizar algum tipo de punção na pele normal ou com alguma irregularidade mínima. Um indivíduo com esse transtorno tem o costume de beliscar a pele de uma forma muito recorrente, provocando lesões cutâneas, além de haver tentativas repetidas de parar com o comportamento.
Vale ressaltar que esse transtorno se engloba em uma categoria maior: a dos transtornos obsessivo-compulsivos. Neste caso em específico, que está sendo tratado neste post, o indivíduo tem a obsessão compulsiva de machucar a própria pele. Normalmente, o sujeito utiliza as próprias unhas e dedos para provocar as lesões, mas há quem use facas, lixas, tesoura e outros materiais que podem auxiliar no processo.
Outra forma de causar lesões na própria pele é por meio de atitudes como esfregar, morder ou espremer a pele. Além disso, é importante ressaltar que o indivíduo normalmente tenta esconder as lesões apostando em artifícios como o uso de roupas, maquiagens, ou outros acessórios que possam esconder o problema real.
O que causa o transtorno de escoriação?
O transtorno de escoriação pode ser multifatorial e uma série de circunstâncias podem vir a desencadear o quadro. No entanto, segundo o DSM-V, a escoriação pode ter o seu início frequente na adolescência, normalmente coincidindo com a puberdade e as condições dermatológicas, como acne. Assim, o indivíduo pode iniciar o processo de escoriação ainda na adolescência, ao se deparar com as inflamações na pele advindas da acne.
Porém, à medida que o tempo passa, o indivíduo pode alterar os locais nos quais ele provoca as lesões, ainda mais se considerarmos que a acne da adolescência não necessariamente perdurará por toda a vida.
Além disso, outros pontos também podem ser considerados como estopim ou gatilho para o problema, ainda segundo o DSM-V:
- Concomitância com outros transtornos obsessivo-compulsivos;
- Indivíduos que têm familiares com diagnóstico de TOC podem desenvolver um quadro de TE;
- Fatores biológicos também podem impactar, isto é, questões de desequilíbrios químicos cerebrais podem ser percebidos como precedentes do TE;
- Questões ambientais também podem servir de gatilho;
- Questões psicológicas, como estresse, ansiedade e outros fatores, podem impactar no bem-estar do indivíduo e ser um dos gatilhos para o desenvolvimento do quadro.
Quais os sintomas do transtorno de escoriação?
- Beliscar a própria pele de forma recorrente, resultando em lesões.
- Tentativas repetidas de reduzir ou parar o comportamento de machucar a própria pele.
- O ato de machucar a pele causa sofrimento significativo, assim como prejuízo no funcionamento social, profissional ou outras áreas da vida do sujeito.
- O indivíduo pode usar as unhas e os dedos para provocar a lesão, como também outros objetos, como lixas, facas, tesouras, alicates, etc.
- Comportamento de tentar esconder as áreas afetadas, seja usando maquiagem ou usando alguma peça de roupa que possa cobrir.
- Sentimento de culpa por provocar as lesões na própria pele.
- Conduta de sempre reagir às sensações de queimação, ressecamento, dor ou formigamento na pele.
- A pessoa procura sempre espremer ou apertar regiões com picadas de mosquito, acne ou outras inflamações, de uma forma automática.
- As lesões costumam aparecer mais no rosto, braços e mãos, mas podem estar presentes em outras regiões do corpo.
Qual o tratamento para o transtorno de escoriação?
Os tratamentos para o transtorno de escoriação levam em consideração cada caso de uma maneira subjetiva. Isso significa que o indivíduo deverá passar por uma avaliação médica e psicológica, visando diminuir os sintomas de impulsividade provocados pelo quadro clínico. Abaixo detalhamos um pouco mais:
Medicamentos
Na consulta com o psiquiatra, o indivíduo poderá receber a prescrição de medicamentos que auxiliem na redução dos sintomas de TE. Vale ressaltar que o médico irá avaliar as particularidades de cada paciente, além de levar em conta os fatores que desencadearam o transtorno e a presença/ausência de comorbidades.
Psicoterapia
Na psicoterapia o indivíduo terá o apoio psicológico para treinar a sua própria conscientização dos comportamentos, visando entender melhor o seu próprio quadro, a fim de encontrar formas de reverter o hábito nocivo. Além disso, questões emocionais e singulares são trabalhadas, com o intuito de auxiliar o paciente na hora de lidar com o estresse, com seus comportamentos e emoções envolvidas com esse novo processo.
Além disso, os gatilhos por trás do comportamento (caso tenha relação com o emocional, por exemplo) também poderão ser trabalhados nas sessões.
Tratamento dermatológico para as lesões
Se porventura as lesões de pele forem intensas e, inclusive, as acnes ou inflamações serem vistas como um gatilho para o comportamento do transtorno de escoriação, o tratamento dermatológico também poderá ser solicitado.
Conclusão
O transtorno de escoriação pode trazer prejuízos profissionais, sociais e até mesmo para a saúde do indivíduo. Afinal, a conduta de lesionar a pele de forma recorrente pode desencadear infecções que, com o passar do tempo, evoluem e se tornam graves. Por conta desses fatores, a busca por ajuda é um passo importante para o mantimento da qualidade de vida da pessoa.
Para isso, é possível procurar apoio em uma clínica psiquiátrica, por meio do atendimento com o médico, bem como por meio do atendimento oferecido pelo psicólogo. Em alguns casos, o tratamento dermatológico também é necessário, a fim de tratar as lesões.
Referências
Contribuições da neuropsicologia no entendimento do Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC). Disponível em: <https://periodicos.set.edu.br/fitsbiosaude/article/view/3747/2602> Acesso em 15 jul. 2022.
Transtorno de Escoriação (Skin Picking): Revisão de Literatura. Disponível em: <http://www.rbtc.org.br/detalhe_artigo.asp?id=234> Acesso em 15 jul. 2022.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 – 5ª Edição. Disponível em: <https://dislex.co.pt/images/pdfs/DSM_V.pdf> Acesso em 15 jul. 2022.
Psicóloga (CRP12/17354), pós-graduada em Psicologia Puerperal. Em paralelo a isso, cursa Letras – Português. Atua como psicoeducadora e redatora na Interhelp Internação. Psicanalista em formação, é apaixonada por tudo que envolve saúde mental, desenvolvimento humano, linguagem e bem-estar.